Na noite de terça-feira para quarta-feira, uma série de acontecimentos sacudiu o Gabão, um país localizado na região central da África. Onze militares vestindo uniformes de camuflagem e um décimo segundo indivíduo em trajes civis surgiram nas telas da televisão nacional, Gabon 24. Pouco após a divulgação dos resultados provisórios das eleições presidenciais (onde o Centro Gabonês de Eleições anunciou Ali Bongo Ondimba como o vencedor com 64,27% dos votos), esse grupo anunciou o “fim do regime em vigor”. O coronel Ulrich Manfoumbi, do Regimento de Comando de Apoio e Suporte do Exército, declarou que as “eleições gerais de 26 de agosto de 2023, bem como os resultados manipulados, estão agora cancelados. Além disso, as fronteiras permanecerão fechadas até novo aviso.”
A cidade de Libreville, capital do Gabão, viu a presença de paraquedistas que foram rapidamente mobilizados após o anúncio. O coronel Manfoumbi estava acompanhado por Aimé-Vivian Oyini, chefe de estado-maior da Guarda Republicana, comandada pelo general Brice Clotaire Oligui Nguema, que ainda não fez nenhum pronunciamento público. Os estúdios da Gabon 24, localizados nos subsolos do Palácio à Beira-Mar, sede da presidência, foram palco desse anúncio que abalou a nação. As unidades paraquedistas, identificáveis por seus distintivos bonés vermelhos, se mobilizaram em Libreville, onde manifestações espontâneas ocorreram em apoio à tentativa de golpe.
Dentro do palácio presidencial, elementos da Guarda Republicana usavam seus característicos bonés verdes para celebrar os acontecimentos. Próximo ao quartel, slogans como “Oligui, presidente!” ecoavam, insinuando uma possível conexão entre o general Brice Clotaire Oligui Nguema e o movimento do CTRI, grupo que anunciou o golpe. Espera-se um pronunciamento nas ondas de rádio e na televisão nacional em breve. As redes sociais e a internet, anteriormente limitadas, agora começam a ser restauradas gradualmente.
Os desenvolvimentos recentes também trouxeram incertezas em relação ao presidente Ali Bongo Ondimba. Rumores sobre sua saída do país foram contrariados pelo coronel Manfoumbi, que anunciou que o presidente estava em prisão domiciliar, cercado por seus médicos e familiares. Membros de sua família, incluindo seu filho, Noureddin Bongo-Valentin, e outras figuras ligadas a ele, como o porta-voz e conselheiro especial Jessye Ella Ekogha, enfrentam detenções. As acusações incluem traição às instituições do estado, má conduta financeira internacional, falsificação de assinaturas e tráfico de drogas. O CTRI declarou que uma investigação completa será conduzida.
Além disso, outras personalidades ocupando posições-chave no governo também foram postas em prisão domiciliar, como Marie-Madeleine Mborantsuo, presidente da Corte Constitucional, e Michel Stéphane Bonda, chefe do Centro Gabonês de Eleições. Essas prisões causaram agitação na política do país. Enquanto isso, a irmã do presidente, Pascaline Bongo Ondimba, teria supostamente deixado o país durante a noite de terça-feira.
A oposição, até o momento, permanece silente quanto aos eventos em Libreville. Albert Ondo Ossa, principal adversário de Ali Bongo Ondimba nas eleições presidenciais, não fez comentários públicos, mas afirmou estar monitorando de perto a situação. A plataforma de oposição Alternância 2023 negou qualquer envolvimento no golpe, reafirmando que seu candidato foi eleito democraticamente e que o poder deve ser devolvido ao povo.
Em um momento de turbulência política na África, a nação do Gabão enfrenta um cenário de incertezas. Os próximos dias podem trazer revelações cruciais sobre o desfecho desses acontecimentos e seus impactos no país e na região.