Em 2023, as tâmaras se tornaram a mercadoria argelina mais comprada pelo Marrocos, com um valor de 441 milhões de dirhams (40,87 milhões de euros). Um produto cuja importação aumentou 24% em relação a 2022, contrariando a tendência geral do comércio entre os dois países. Segundo o Escritório de Câmbios Marroquino (OC), o valor das trocas econômicas entre Argélia e Marrocos atingiu 1,3 bilhão de dirhams em 2023, o nível mais baixo desde 1999.
Em um ano, as trocas bilaterais entre os dois países caíram 48%, um declínio contínuo desde o final de 2021, pouco depois que Argel decidiu romper relações diplomáticas com seu vizinho. Antes dessa crise, a balança comercial, estimada em 6,9 bilhões de dirhams em 2021, era amplamente favorável à Argélia, que registrou um superávit de 4,8 bilhões de dirhams naquele ano.
Menos gás, mais tâmaras
A inversão recente dessa tendência se deve à decisão de Argel de não mais transitar o gás para a Espanha através do gasoduto Magreb-Europa, pelo qual o Marrocos se abastecia. O gás representava a maior parte das importações marroquinas provenientes da Argélia, precisamente 83% em 2021, segundo o relatório anual do Escritório de Câmbios sobre o comércio exterior.
Atualmente, são as tâmaras que ocupam essa primeira posição: elas representam, em 2023, 68% do valor total das exportações da Argélia para o Marrocos. Essas exportações caíram para 650 milhões de dirhams em 2023, uma redução de 62% em comparação ao ano anterior. Assim, o reino exporta mais mercadorias para seu vizinho do que importa, com o valor das importações argelinas chegando a 653 milhões de dirhams. Novamente, observa-se uma diminuição, pois em 2022 esse montante atingia 806 milhões de dirhams. Entre os outros produtos afetados estão o vidro argelino, cujas importações caíram 57% entre 2022 e 2023, passando de um valor de 227 milhões de dirhams para 97 milhões.
Por sua vez, o reino exportava para a Argélia principalmente ferro e aço, além de café e fertilizantes. As exportações de chapas de ferro ou aço caíram 22% entre 2022 e 2023, enquanto as de café e fertilizantes cessaram completamente.
O enfraquecimento das trocas comerciais entre Rabat e Argel sustenta a constatação feita em 2023 pelo relatório econômico do Grupo Crédit Agricole, que considera o Norte da África como a região menos integrada do mundo, apesar de seu grande potencial econômico.
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